Drogas: O homem que foi traficante, usuário e agora luta contra elas


 Márcio Lima Batista, 40 anos, foi uma das 29 milhões de pessoas que dependência química pelo mundo, os dados é do Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a pesquisa ainda calcula que cerca de 5% da população adulta, ou 250 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos, usou pelo menos algum tipo de droga até 2014. Márcio foi usuário de drogas durante 30 anos. Ele conta que as drogas que mais utilizava é a maconha, oxi e a pasta base, para ele a dependência química passa por estágios, no começo é apenas uma curtição, depois o usuário procura meios para manter o vício, e chega á terceira fase, onde se não consegue mais viver sem a droga, se quer a todo momento, ela se torna o principal na vida de um dependente. Neste estágio se perde o controle sobre ela e sobre si mesmo. “Não ligamos para nada, familiares, amigos, pessoas que querem o nosso bem. O sofrimento de quem  se importa conosco não interessa, o mais importante é a droga, droga, droga”, declara.
Márcio entra no mundo das drogas como aprendiz de traficante, trabalhava para um dos maiores traficantes da Terra firme, o distribuidor de drogas para outros traficantes. Em seu cargo inicial, aviãozinho,  ele acompanhava de perto a distribuição, então começou a desviar drogas e abriu seu “próprio negócio”. Ele pegava as sobras e vendia, começou a ter seus “funcionários”, em pouco tempo se tornou respeitado, foi  preso várias vezes, mas logo depois solto. Ele denuncia que era acertado um valor com alguns policiais. “A polícia que passa por aqui era corrupta, me prendiam apenas para negociar a soltura”, declara. Márcio conta que quem vende não se droga, e vê vários jovens a mercê das drogas era normal, mas ele se questionava o que sentia “esses caras”, que vendem tudo e ficam vulneráveis aqui, que prazer é esse que eles sentem, mas o que o traficante quer é vender, ter dinheiro, se não tiver dinheiro manda embora e não quer nem saber. Fiquei três anos no tráfico, meus familiares não aceitaram o fato de ser traficante, fazia escondido, meu antigo chefe, o distribuidor, não aceitava que eu trilhasse esse caminho.
Quando passou a se drogar, Márcio se arrependeu do tempo que traficava, ele diz que foi amaldiçoado por que levou maldição a muitas pessoas. “Os outros traficantes falavam de mim, ‘esse cara que vendia e agora é viciado', eles se questionavam por que eu entrei nesse mundo”, conta. Marcio revela que o seu primeiro contato com as drogas foi por causa de problemas familiares, ele apenas consumia bebida alcoólica e raramente fumava cigarro de tabaco. A convivência turbulenta que tinha com a mãe do seu primeiro filho, o fez sair para sentir paz na rua. No bar, havia usuários de drogas, criticava e dizia que nunca ia usar, mas com o agravamento das brigas familiares resolveu provar. “Isso virou rotina apenas nos finais de semana”, conta.
Toda vez que ia consumir bebidas alcoólicas, ele se drogava, acreditava que se drogava apenas nas brigas, mas percebeu que qualquer coisa era desculpa para se entorpecer. “A droga era um refúgio, esquecia de todos os problemas, tinha paz. Se o mundo caísse, não estava nem aí. O efeito me anestesiava”, afirma. Márcio foi internado várias vezes, ele ficava em torno de 3 a 4 meses em cada centro, no total passou por três destas casas. Quando não estava drogado, estava dopado ou dormindo por causa dos remédios, eles evitavam a fissura. “Comecei a ficar dependentes nas duas coisas, era outro vicio. Remédio não deu jeito, então continuei nas drogas”, comenta. Os remédios que ele se refere, era parte do tratamento proposto pelos centros de recuperação, Márcio conta que quando conseguia alguma licença para voltar para casa, tinha que levar um coquetel de remédios junto. “O problema não era os centros, não era os outros, estava em mim. Eu tinha que tomar a decisão de querer sair”, declara.
Márcio destaca que um dos piores momentos da dependência química é a fissura, ele passou noites sem. “Passa na cabeça, não vou conseguir dormir sem as drogas, é um engano, pois sob os efeitos da droga, aí que não se dorme mesmo”, declara. A abstinência é uma das piores fases, ele diz que se tornou agressivo com todos. “Quando tiram de você algo que gosta, você tende a ficar com raiva. É o mesmo que acontece  com o dependente”, compara.
Márcio não podia voltar para sua casa e nem andar nas ruas, pois ele estava jurado de morte, andava apenas de madrugada. “Minha vida não tinha mais sentido, grande parte dela vivi nas drogas. Estava para me tornar mendigo, perdi minha primeira família, não havia mais nada na minha casa”, desabafa. Amigos e familiares, lhe aconselhavam a largar as drogas, se apegar a religião, ter fé para poder sair desta vida, mas a dependência falava mais alto, quando se deu conta, todos que eram próximos dele se afastaram. “A minha atual esposa foi a única que restou”, conta
Márcio sabia que sua esposa estava sofrendo, então decidiu mandá-la embora para não sofrer com ele, porém ela não aceitou. “Falei pra ele que se fosse morar na rua, iria também”, conta Patrícia Gomes Pantoja, 31 anos, esposa de Márcio.  Aquela atitude impactou a vida dele, então decidiu se apegar a fé para vencer as drogas. “Se existe um Deus, ele vai me fazer entender que não preciso mais de drogas para ser feliz”, exclamou. Após essa decisão, ele foi perdendo a necessidade e o prazer de consumir drogas, ele diz que sua morte já estava decretada, mas que é de Deus a última resposta.
A esposa de Márcio define como horrível o período em que seu esposo era dependente químico. Ela conta que quem vive nesta condição é capaz de fazer atrocidades. “Eu já vivi muitas coisas, mas está foi a pior. Me relacionei com homens da pior espécie, assassinos e ladrões, mas a experiência que tive com ele foi a mais triste, a droga leva para outros caminhos, todos são terríveis, não existe nada pior que a droga”, conta. Patrícia desabafa que seu esposo roubava bicicletas e ela chegou a roubar junto com ele, pois não conseguia vê-lo naquela situação. Ela diz que ninguém podia deixar nada em casa, por que ele procurava para trocar por droga. “Cheguei a ficar apenas com uma blusa e calça, as roupas do meu trabalho, todas as outras calças e camisas ele vendeu”, declara.
Ela conta que não tinham mais nada, seis anos sem gás de cozinha, a mãe dele comprava, três dias depois era vendido. Seus instrumentos de trabalho, as máquinas de cortar cabelo, não escapavam, produtos de higiene pessoal, tudo para trocar por droga. “Ele estava ao ponto de vegetar. Não comia mais, nem dormia”, declara. Patrícia em outro momento já havia se relacionado com usuários de drogas, mas eles consumiam apenas quando bebiam, porém seu atual esposo consumia toda hora, fumava desde a hora que acordava, estava sóbrio apenas na hora de dormir. Ele dormia das 5 horas da manhã até as 6 horas.
 “Ele desviava dinheiro da minha passagem de ônibus e tinha que atravessar a cidade para me levar em uma bicicleta velha”, conta. Para ela, as pessoas se preocupam mais com doenças como câncer e AIDS, mas as drogas é a principal doença que já viveu e considera como o fator principal da violência, assassinatos, estrupo e outros. “Está banalizado, se consegue muito fácil”, destaca. Segundo ela não tínha nada em sua casa, nem um creme de axilas, nem sabonete, a mãe dele doava compras, mas que em poucos diasera moeda de troca por drogas. Barbeiro, todo corte de cabelo que ele fazia, era para consumir drogas, chegou a ficar quase sem clientes, por que roubava o troco.
 Patrícia conta que já chegou a ter 10 traficantes na porta de sua casa para matá-lo. “Todo mundo se afastou dele, ele quase virou um morador de rua, só não virou por Deus e aqui na terra por mim, naquela época nem acreditava em Deus, sofremos muito”, afirma. De acordo com ela, Márcio chegou a ter um princípio de overdose e não conseguia parar. “Eu não uso a palavra viciado, eles são doentes, dependentes químicos. Temos que saber lhe dar com eles. É uma doença que está em todas as classes sociais, quanto mais se usa, mais se quer”, opina. Patrícia conta que não tinha mais amor de mulher para homem, via ele como um filho, chorava e se questionava até quando isso iria durar.
Ninguém ficava na rua com medo da chegada de traficantes para cobrar de Márcio, a própria vida e acabar morrendo inocentes na troca de tiro. “6 anos ao lado dele, 6 anos de dependência química. As drogas é muito grave, acaba com o ser humano, não dá para brincar, muito cuidado. Existe drogas bem pior que oxi, todo mundo começa na maconha, tudo no início é legal, mas depois vem o grande prejuízo, aí se vê o grande mal que fez a si próprio e aos seus filhos e amigos. O dependente se torna um zumbi”, alerta.
Em lágrimas, ela se lembra de quando Márcio dizia que não queria mais roubar, pedia para ser amarrado, mas ele não conseguia. “Sofremos muito, pensava ser forte, mas era fraca, pensei até em matá-lo enquanto dormia, apenas para aliviá-lo deste sofrimento (Chorando)”, afirma. Ela apela para que ninguém julgue uma pessoa sem conhecer a situação de fato, ela conta que trabalhava para pagar as dividas dele com o tráfico, a mãe dele se demonstrava forte e aconselhava Patrícia a ir embora, mas respondia que ficaria até ele ser assassinado.  
Ela não esquece quando Márcio ia comprar alimentos, gastava o dinheiro com droga e procurava restos no lixo, pedia para sua mãe cortar o resto de comida afirmando ser para os cães, mas na realidade seria o almoço da família. Nessa situação, Patrícia passou a acreditar em Deus e pedia para Ele matar seu esposo e por fim ao sofrimento. Ela conta que no período mais crítico de sua vida entendeu o que era o amor, que não havia sentido, mas despertou com Márcio naquela situação. “Ele tinha muitas qualidade, um coração bom que eu não tinha, era uma dor que jamais havia sentido. O dependente químico mata a si próprio, ele vende sua casa, sua vida, sua família e o quer que seja para poder consumir entorpecentes”, desabafa Patrícia, que diz ter certeza que Márcio nunca mais voltará aquela vida

Shopping das drogas funciona na periferia de Belém, apartamentos são disponibilizados para os dependentes se drogarem

A passagem Nossa Senhora das Graças, no bairro da Terra firme é a sede um shopping center, lá não vende roupas, eletros, nem tem cinema, mas o filme que passa lá é o da vida real de jovens que trocam tudo o que tem por um pouco de entorpecente. No shopping das drogas, os traficantes sedem apartamentos para quem quiser consumir os entorpecentes, lá podem ficar até a hora que quiser. Diferente de outras bocas em que se compra só com valor fixo, lá é no atacado, se negocia direto com o traficante, o que se leva de valor é avaliado e trocado por entorpecente na quantidade que vale. Márcio chegou há ficar 24 horas por dia. Os dependentes também consumem na rua, céu aberto, sem nenhum medo, a policia passa por lá, mas na área é normal. Márcio era conhecido, fiel frequentador, lá vendeu metade das suas coisas de casa, o motivo trocar por drogas. Na rua também funciona um ponto de prostituição dos próprios usuários, o objetivo é conseguir recursos para adquirir entorpecentes ou até mesmo trocam sexo com os traficantes por drogas. “Se tiver dois reais, eles pegam a faca e te dão a quantidade que vale, a hora que quiser tem droga”, denuncia. Uma verdadeira Feira ao ar livre, aonde se chama o “freguês” gritando. “Saia de lá só para roubar, trocava lá mesmo”, conta. Quando a polícia chega, o aviãozinho, que ganha droga pra ficar de olho na polícia, avisa em forma de vários códigos, a polícia  não consegue pegar traficantes, só viciados.
Márcio Batista, agora é evangélico, membro da Igreja do Evangelho Quadrangular, ele continua frequentando o shopping da droga, mas agora é para evangelizar. Os traficantes e usuários o têm como exemplo. Ele usa o rap para cantar tudo o que passou no mundo das drogas como traficante e como dependente químico. “Neste mesmo bairro que viu todo o processo que passei, agora ouvi as mensagens que levo através do rap, letras e expressão, tudo o que eu vivi, estou vivendo e ainda vou viver, levo a palavra de salvação de Jesus”, declara. Ele diz que quando canta, diz a sua opinião e revela o que tem por trás das drogas, criminalidade, trafico. Em todas as letras tem um pouco do que viveu, as angustias que passou.
 Na música “Carapuça” uma das suas principais composições, ele fala da discriminação que passou dentro de uma igreja evangélica, devido ao seu passado e por usar o rap para abordar questões sociais. “O rap fala a verdade, por meio dele, Deus está me sustentando. Se fosse pra depender de outras pessoas, até que dizem ser religiosas, já teria voltado para as drogas há muito tempo”, complementa Márcio.

Prevenção às drogas é a saída para evitar experiências como a de Márcio

A Comissão de prevenção às drogas da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), formada por sete deputados e presidida pelo pastor Divino, trata da prevenção primária, que  é com crianças, adolescentes e jovens que ainda não tiveram nenhum contato com drogas ou que tiveram, mas não chegaram ao ponto da dependência. São realizadas palestras em escolas com objetivo de mostrar o “outro lado da moeda, o lado da droga que os jovens não conhecem”, e o que diz Fábio Rogério, técnico em prevenção ás drogas da Alepa.
Fábio é ex-usuário de drogas, ele começou a usar entorpecentes entre 11 e 12 anos de idade, depois de 10 anos ele está limpo. “Tenho a oportunidade de falar cara a cara, olhando nos olhos deles que as drogas é uma furada. Além do lado técnico posso contar a experiência que passei “, complementa A comissão tem parcerias com clínicas e psicólogos. As palestras é o contato inicial, eles defendem a prática de esportes como uma maneira eficaz na prevenção.
As drogas abordadas nas palestras são as mesmas que Fábio consumiu por anos, a maconha, o crack e a cocaína. Para ele, a porta de entrada para o mundo das drogas é a maconha. “Ninguém começa pelo oxi, pelo crack. O organismo do usuário de drogas sempre pede doses maiores, drogas mais fortes, ele acaba se envolvendo na cocaína ou o crack”, conta. Fábio alerta que existe drogas mais pesada que pode levar a morte em poucos segundos.  
Fábio afirma que para entrar no mundo das drogas não tem idade, em casa de acolhimentos viu crianças com 11 anos. “O jovem começou a usar drogas dentro da escola. Infelizmente, é no local de aprendizado que muitos jovens entram em contato com as drogas”, declara. Ele acredita que o primeiro passo para sair do mundo das drogas é querer. Em um trecho de sua palestra, Fábio pergunta aos estudantes o que eles querem ser daqui a 20 anos, se disser não as drogas, eles serão pessoas de sucesso, se disserem sim às drogas, terão três opções possíveis: estarão mortos, presos ou em situação de rua.
"Isso nos ajuda a decidir entre o caminho certo e o errado", se referiu o estudante de 14 anos, Carlos Moisés de Lima Leal sobre a ação de prevenção de violência e drogas do Gabinete de Gestão integrada da Prefeitura de Belém. O movimento foi realizado na escola Francisco da Silva Nunes, no bairro do Guamá. A ação que além da palestra sobre drogas, contou a participação de uma peça teatral, o Teatro Águia, com o espetáculo "Jogos Mortais das drogas", que mostrou qual o caminho que se percorre no mundo das drogas. Após a ação, o estudante complementou que a programação ajudou a mostrar que quem entra nas drogas vai se afundando cada vez mais nesse caminho e que quanto mais cedo disser não e se afastar é melhor.
Martha Helena Seixas Falcoski, secretária executiva do Gabinete de Gestão Integrada da Prefeitura (GGIM), declara que o gabinete possui um colegiado que conta com todos os orgãos de segurança pública e secretarias municipais envolvidas na questão da prevenção da violência. “Todos que participam foram convidados para fazer esta ação dentro das escolas públicas , queremos que estes cidadãos tenha perspectiva de vida em paz, afirma. Ela conta que a ação na escola, aborda temas estejam afetando a escolas. Martha conta que vários tipos de violências acontece na escola, porém existe aquelas que são vistas em todas, como o bullyng, mas existe problemas específicos de determinadas áreas.
“Trazemos profissionais que estás crianças possam ter como referência na vida deles, psicólogos do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS), nisto criamos um vínculo com a FUNAPAPA, Onde tem profissionais que podem atender essas crianças, adolescentes e família em situação de vulnerabilidade”, afirma. Martha diz que a escola é onde está a criança e o adolescente, os futuros cidadãos, que precisam de uma formação para não cair nas armadilhas que a vida tem.  “Para se chegar às drogas, muitas coisas são oferecidas a eles e acabam se iludindo”, opina. Ela acredita que a melhor maneira para vencer as drogas é quando se tem uma família bem constituída, que tem diálogo, que o filho sinta que abertura para conversar com os pais, com os irmãos e com amigos que frequentam a casa. “A prevenção está na família e ela precisa muito de órgãos estaduais e municipais. Para termos uma família acolhedora e cheia de amor. Observamos que existe famílias desestruturadas, uma família assim deixa o futuro vulnerável”, afirma.
Márcio, que quase foi um morador de rua, junto com sua esposa ajudam pessoas que vivem nas ruas a se levantar, eles fazem parte do projeto “Manassés e Efraim”, que há 7 anos é liderado por Enivaldo Silva Costa. Eles vão as ruas de Belém entregar sopa e mensagens de evangelização e superação, o objetivo é resgatar aquelas pessoas do mundo das drogas, do crime. Ele conta que nesse período, muitos casais que viviam juntos na rua conseguiram se limpar e hoje vivem novas vidas, um exemplo é Paulo e Ana Paula, os dois se viciaram, mas saíram deste mundo. Enivaldo levou eles para sua casa e cuidou como se fosse um filho e uma filha, depois foram encaminhados para um centro de recuperação no Jurunas. Hoje, o casal vive em Redenção e tem uma filha.

Ele conta que muitos que vivem na rua por causa das drogas, são pais de famílias, donas de casas e jovens.  Enivaldo diz que em alguns casos, filhos foram para no mundo das drogas por que o pai ou a mãe eram envolvidos também. “Psicólogo não consegue recuperar, nem centros de recuperação, as drogas estão invadindo, o tráfico está invadindo as casas. A facilidade para conseguir algo é o que leva nossos Jovens a essa vida. Os grupos religiosos precisam se unir, a sociedade precisa olhar com amor para estas pessoas. Só Deus pode libertar os dependentes químicos, seu poder é maior que o do tráfico”, opina.

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