Mãe, seus dois filhos e a nora separam um dia da semana paras ir às praças de Belém levar teatro com mensagens de fé e paz a quem vive no abandono e esquecimento
As noites de quinta-feira são diferentes na praça do 
Operário, em Belém. Pontualmente às 19 horas, moradores de rua se reúnem
 para assistir às apresentações de atores do Teatro Águia. Enquanto 
tomam o sopão doado pelos integrantes do grupo cênico, os espectadores 
ouvem histórias que falam do dia a dia, de problemas relacionados a uso 
de drogas, violência e prostitução, mas o objetivo principal das 
apresentações é conscientizar as pessoas em situação de risco e garantir
 conforto e paz. Nem que seja por alguns minutos.
As 
apresentações teatrais e a doação de alimentos fazem parte do projeto 
Teatro Águia nas Ruas, realizado há sete anos ininterruptos. O grupo 
formado pela teóloga Márcia Sarah, seus dois filhos e a nora interpreta 
Jesus, Satanás, pessoas em situação de risco e outros personagens para 
contar histórias. Na última apresentação, no dia 11 de maio, em São 
Brás, os atores falaram sobre os malefícios do uso de drogas ilícitas.
Estudante
 de jornalismo e filho de Márcia, Lucas Sarah diz que aquelas pessoas 
precisam de impacto, de algo que choque a realidade deles. Foi surgiu a 
ideia de usar o teatro para que eles possam se ver naquela cena. “Quando
 tivemos o desejo de fazer peças lá, não queria levar apenas cultura ou 
um espetáculo, queria que eles vissem tudo aquilo que pastores, padres e
 ONGs falam a eles, que aquilo não era vida, que o contato com as drogas
 poderia matá-los”, conta o ator.
Segundo Márcia, a 
cidade só enxerga essa parcela da população pelo vidro do carro ou do 
ônibus, como se fossem pessoas distantes, fora da realidade de suas 
vidas. “Eles são muitos e estão em diversas praças, as pessoas passam 
perto deles, mas quando se aproximam, ficam em pânico e só faltam 
correr. Poucos vão lá levar uma palavra de esperança e de paz”, 
complementa Márcia.
O trabalho da família é voluntário e 
recebe ajuda das igrejas ou ONGs para garantir a alimentação dos 
moradores de rua durante as apresentações. Segundo os atores, o público 
se interessa por cada cena apresentada. Há casos em que alguns moradores
 se envolvem na história. “Ao interpretar o papel de Jesus, fui abraçado
 por alguns deles pedindo a ajuda de Deus. Por outro lado, quando 
interpreto o papel do diabo, outros tentam me agredir dizendo: ‘Tu é o 
diabo que me aprisiona nessa droga’. São seres humanos que precisam de 
ajuda”, conta Lucas, fundador do grupo.
Quéren Sarah, 
estudante de técnico em enfermagem, disse que estava em um coletivo 
quando dois ambulantes a parabenizaram pelo trabalho. “Eles conversavam 
sobre em qual local utilizariam drogas ilícitas, quando um deles parou e
 disse: ‘Você não faz parte daquele grupo que apresenta peças que 
mostram toda a vida do cara no mundo do crime? Eu gosto de ver, paro 
para refletir em tudo que vocês apresentam’. Ouvir isso é a nossa 
recompensa”, comenta Quéren.
Segundo o grupo, quando 
começa a chover, a peça não para, pois sempre tem alguém assistindo 
atentamente à história. Após a apresentação os atores ficam totalmente 
molhados, mas para eles tudo vale a pena, pois a mensagem foi entregue 
ao público.
Para Marluce Negrão, estudante de técnico em 
administração, o Ver-o-peso é um palco especial para o grupo. “Lá 
comemoramos o aniversário do Águia. Desde 2009 estamos junto com eles 
(moradores de rua), ensaiando meses para levar algo diferente a eles”, 
afirma Marluce. O grupo possui um canal no youtube com todas as peças e 
bastidores das ações: www.youtube.com/MinistérioÁguiaTeatroCristão. Fotos ou notícias do grupo estão disponíveis no blog: www.teatroaguia.blogspot.com. Contatos: (91) 983032494 zap – Quéren / 982004797 - Márcia / 32456213 - Lucas.
Por Lucas Sarah.
Publicado orginalmente em Leia Já Pará:
http://www.leiaja.com/cultura/2017/05/12/familia-encena-pecas-teatrais-para-moradores-de-rua/


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