Jornalista André França dá dicas de como criar reportagens para TV em oficina na UNAMA



 
André França Ao vivo pela RecordTv no Terminal Rodoviário de Belém, em 2016.
Em visita aos alunos de telejornalismo da Universidade da Amazônia (UNAMA), o repórter da RecordTv e editor chefe de jornalismo da Tv Cultura, André França falou sobre os desafios da profissão, comentou os bastidores de algumas reportagens e deu dicas de como seguir na área do telejornalismo.
Para André, a internet é um ótimo meio para se informar antes de seguir a reportagem, primeiro se entende depois se passa a informação. Ele conta que para fazer uma boa reportagem é necessário especialistas que saibam o que estão falando, somado a dados oficiais e a voz de quem sente na pele os problemas. O Jornalista cita a reportagem especial que fez sobre os principais problemas de saneamento básico de Belém, onde a produção teve que contatar outra filial da emissora para conseguir um especialista do Instituto Trata Brasil para falar sobre o tema e enquanto isso, ele teve que ir a diversos bairros da cidade para mostrar como a vida de diferentes pessoas são afetadas.
André reafirma a importância de dar voz a quem é afetado pelo problema. “Quando se mostra o sonho de alguém sendo afetado, isso mexe como o sonho do telespectador. Todos nós temos sonhos”, afirmou o jornalista. Ele conta que a boa reportagem nasce com uma pauta bem amarrada e um bom trabalho de produção, ele afirma que infelizmente muitas produções só ligam para marcar entrevistas e não se preocupam e conseguir informações previamente.
O repórter diz que este é um dos grandes problemas da crise de apuração que o jornalismo vive hoje. “Fui chamado para cobrir uma operação policial e a produção me informou que não poderia saber do que se tratava antecipado por ser uma operação confidencial. Chegando lá a assessoria desmentiu e disse que a produção não perguntou. Uma ligação resolve esses problemas”, conta André.
            O Jornalista conta que a relação entre o repórter e o cinegrafista deve ser muito próxima, pois o ele é o fiel escudeiro do repórter. Ele fala que os dois devem conversar antes e que a experiência do cinegrafista ajuda muito nas ideias para imagens. “Se não tiverem sintonia, o repórter vai falar do Arroz e o cinegrafista vai mostrar o feijão”, afirma André.
            Ele conta que muitos jornalistas usam a profissão parta ganhar vantagens, como passar o dia no salão de beleza não pagando nada e em troca apenas posta a foto do salão nas redes sociais. André recebeu a proposta de malhar de graça em uma academia ao preço de apenas divulga-la nas suas redes socais, mas não aceitou. Tempo depois a academia foi alvo de uma operação policial sobre vendas de anabolizantes. Para ele se arrisca a credibilidade ao associar sua imagem a uma empresa.
            André alerta aos alunos sobre as redes sociais, ele diz que lá nascem muitas pautas, mas quando se usa a rede social para outras coisas durante o trabalho, se perde o foco. Ele citou o exemplo da estátua da liberdade que quando foi criada, até os detalhes do cabelo que ninguém poderia ver lá no alto, foi pensado e feito com atenção e que assim é no trabalho, se pensa que ninguém tá vendo, mas uma hora alguém vai ver.
O Repórter gosta de inovar em suas passagens de vídeo, por isso utiliza em muitas delas a câmera go-pró para conseguir ângulos diferenciados, mas atenta que o texto não pode ser deixado de lado. A maneira como se chama alguém também é muito importante, ele conta que não chama ninguém de invasor, mas sim ocupante e nunca teve problemas nesses casos, diferentes de outras emissoras que são hostilizadas em coberturas por utilizarem o outro termo.
O convidado
Formado pela Universidade da Amazônia, o jornalista começou sua carreira estagiando na Tv Unama, logo depois passou 3 anos na Tv Nazaré, foi repórter da Cultura entre 2006 e 2007, mas o sonho de trabalhar com Silvio Santos o levou a trabalhar na assessoria do SBT. André teve uma passagem rápida pelas rádios de Belém e se consolidou como repórter na RecordTv, onde já está há 9 anos. André conta que tem como fonte de inspiração o repórter Phelipe Siane, Rede Globo.
O repórter conta que já sofreu muito preconceito por ser gordo e por conta disso que teve que se dedicar ainda mais, já presenciou um colega de profissão ser discriminado por ter tatuagens no braço e lamenta que sempre viu poucos repórteres negros na TV.

Comentários