Em
visita aos alunos de telejornalismo da Universidade da Amazônia (UNAMA), o repórter
da RecordTv e editor chefe de jornalismo da Tv Cultura, André França falou
sobre os desafios da profissão, comentou os bastidores de algumas reportagens e
deu dicas de como seguir na área do telejornalismo.
Para
André, a internet é um ótimo meio para se informar antes de seguir a
reportagem, primeiro se entende depois se passa a informação. Ele conta que
para fazer uma boa reportagem é necessário especialistas que saibam o que estão
falando, somado a dados oficiais e a voz de quem sente na pele os problemas. O
Jornalista cita a reportagem especial que fez sobre os principais problemas de
saneamento básico de Belém, onde a produção teve que contatar outra filial da
emissora para conseguir um especialista do Instituto Trata Brasil para falar
sobre o tema e enquanto isso, ele teve que ir a diversos bairros da cidade para
mostrar como a vida de diferentes pessoas são afetadas.
André
reafirma a importância de dar voz a quem é afetado pelo problema. “Quando se
mostra o sonho de alguém sendo afetado, isso mexe como o sonho do
telespectador. Todos nós temos sonhos”, afirmou o jornalista. Ele conta que a
boa reportagem nasce com uma pauta bem amarrada e um bom trabalho de produção,
ele afirma que infelizmente muitas produções só ligam para marcar entrevistas e
não se preocupam e conseguir informações previamente.
O
repórter diz que este é um dos grandes problemas da crise de apuração que o
jornalismo vive hoje. “Fui chamado para cobrir uma operação policial e a
produção me informou que não poderia saber do que se tratava antecipado por ser
uma operação confidencial. Chegando lá a assessoria desmentiu e disse que a
produção não perguntou. Uma ligação resolve esses problemas”, conta André.
O Jornalista conta que a relação entre o repórter e o
cinegrafista deve ser muito próxima, pois o ele é o fiel escudeiro do repórter.
Ele fala que os dois devem conversar antes e que a experiência do cinegrafista
ajuda muito nas ideias para imagens. “Se não tiverem sintonia, o repórter vai
falar do Arroz e o cinegrafista vai mostrar o feijão”, afirma André.
Ele conta que muitos jornalistas usam a profissão parta
ganhar vantagens, como passar o dia no salão de beleza não pagando nada e em
troca apenas posta a foto do salão nas redes sociais. André recebeu a proposta
de malhar de graça em uma academia ao preço de apenas divulga-la nas suas redes
socais, mas não aceitou. Tempo depois a academia foi alvo de uma operação
policial sobre vendas de anabolizantes. Para ele se arrisca a credibilidade ao
associar sua imagem a uma empresa.
André alerta aos alunos sobre as redes sociais, ele diz
que lá nascem muitas pautas, mas quando se usa a rede social para outras coisas
durante o trabalho, se perde o foco. Ele citou o exemplo da estátua da
liberdade que quando foi criada, até os detalhes do cabelo que ninguém poderia
ver lá no alto, foi pensado e feito com atenção e que assim é no trabalho, se
pensa que ninguém tá vendo, mas uma hora alguém vai ver.
O
Repórter gosta de inovar em suas passagens de vídeo, por isso utiliza em muitas
delas a câmera go-pró para conseguir ângulos diferenciados, mas atenta que o
texto não pode ser deixado de lado. A maneira como se chama alguém também é
muito importante, ele conta que não chama ninguém de invasor, mas sim ocupante
e nunca teve problemas nesses casos, diferentes de outras emissoras que são
hostilizadas em coberturas por utilizarem o outro termo.
O
convidado
Formado
pela Universidade da Amazônia, o jornalista começou sua carreira estagiando na
Tv Unama, logo depois passou 3 anos na Tv Nazaré, foi repórter da Cultura entre
2006 e 2007, mas o sonho de trabalhar com Silvio Santos o levou a trabalhar na
assessoria do SBT. André teve uma passagem rápida pelas rádios de Belém e se
consolidou como repórter na RecordTv, onde já está há 9 anos. André conta que
tem como fonte de inspiração o repórter Phelipe Siane, Rede Globo.
O
repórter conta que já sofreu muito preconceito por ser gordo e por conta disso
que teve que se dedicar ainda mais, já presenciou um colega de profissão ser
discriminado por ter tatuagens no braço e lamenta que sempre viu poucos
repórteres negros na TV.
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